No meu inicio de adolescência, escrevia o meu diário íntimo, aquelas paginas manuscritas, onde ardiam rastilhos de mil sonhos que rasgavam as mordaças da angústia social, a timidez tão própria da idade. No manuscrito daquela juventude o seu incandescente calendário de amizades, dos amores que julgava eternos e outras feridas, que hoje ainda cá moram.
Estamos no século XXI e em vez de diário de outros tempos mantém agora o blog onde todos os dias extravasa recados, atitudes, confissões, coisas no fundo inofensivas como o fogo que outrora acendia as frases lancinantes - embora hoje em dia quando escrevo tenha por um momento a ilusão de que as minhas palavras continuam a propagar ainda o mesmo vírus, e a alimentar, quem sabe, os mesmos sonhos sempre que alguém desconhecido as ler como quem só assim, então escutasse um segredo na noite do mundo.
Mas, apesar de todo o entusiasmo que me mantém acordado por noites sem fim, que um dia também virei a abandonar sem saber como o meu vício solitário, e dentro de alguns anos, ao reler as frases arquivadas neste blog, talvez me pareça então como os que antigamente preenchiam, esses cadernos amarelecidos e hoje sepultados para sempre em gavetas esquecidas.
Duarte
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