Parece que estou noutro século, pelo menos os meus pais estão, e uns séculos bem atrás, porque não existe maneira de explicar todas aquelas coisas que dizem, querem que vá com a máxima urgência tirar a carta que não pode esperar mais, querem que vá para a faculdade, e eu nem sei o que quero fazer, preferia talvez perder um ano e poder fazer melhorias, mas pronto é uma hipótese completamente impossível, comparam tudo o que faço ao meu irmão, tudo o que ele fez e eu não consigo fazer deitam-me a baixo, dizendo sempre que nunca conseguirei ser tão bom como ele, mas quando se trata das coisas menos boas que fez, que eles acham que não foram as melhores decisões, já me chateiam a cabeça a dizer para não cometer os mesmo erros. Sinceramente estou farta disto, sinto imenso a falta do meu irmão, quando estava aqui tudo era mais suportável, mas estou feliz por ele seguir a sua vida, mas por vezes me revolto por não o poder ter por perto, que toda esta saudade me magoa, sinto a falta dele, que era a pessoa que me protegia, que sempre me protegeu desde criança, foi com ele que chorei, foi com ele que choramos os dois, era por ele que consegui estar feliz mesmo que não estivesse, agora estou aqui neste quarto sozinha, e que simplesmente tenho recordações dos nossos momentos, de quando éramos crianças e fazíamos corridas para saltar para cima da cama, até que partimos a cama, e a mãe sempre a ralhar connosco; quando dormíamos os três juntos, todas aquelas noites que eu dormia contigo, aquelas noites que ficavas a olhar por mim enquanto eu adormecia, tenho tantas recordações nossas, tantas saudades das nossas brincadeiras, tantas saudades tuas, fazes-me tanta falta. Desde que foste para a faculdade que começou a haver um afastamento, mas naquela altura nada de especial mesmo, estávamos todos os dias juntos, ainda tínhamos as nossas brincadeiras, as nossas embirrações, mas eram essas simples coisas que nos união. Depois veio a policia em que foste embora e que eu adorava os fins de semanas para te poder ter de novo perto de mim, o que as vezes não acontecia porque mal paravas em casa, mas mesmo assim eu compreendia, mas as saudades cada vez foram maiores, quase todas as noites adormecia a ver as nossas fotos e a lembrar os nossos momentos, mas como sempre te apoie, mesmo quando os pais sempre criticavam, então a mãe como já se sabe que é, passava os dias a refilar que nada estava bem. Mas mesmo assim eu não ligava, porque para mim sempre foste e sempre serás o melhor irmão, e o melhor amigo, que está sempre presente, que eu te adoro mais que tudo, és o meu ídolo.
Duarte
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